quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Crise Financeira Simplificada

Para quem não entendeu ou não sabe bem o que é ou o que gerou a crise americana, que agora se alastra a toda a velocidade pela Europa, segue um breve relato económico para todos entenderem: (tomemos como exemplo a "espanhola e o 21" que são nomes fictícios, criados pelo autor, inspirado por copo bem bebido que por acaso até pagou, acho eu; quanto à crise global, isso já é outra conversa).

A “Espanhola” (ou o 21) tem uma tasca, ali prós lados da Praça do Comércio, onde muitos pinguços assentaram arraiais, e decide que vai vender copos "fiados" aos seus leais fregueses, , quase todos desempregados, quase todos reformados quase todos bêbados (os tais pinguços).
Porque decide vender fiado, a “Espanhola” (ou 21) acha que pode aumentar um pouquinho o preço do baixinho, do penálti” e do bagaço, por conta do risco, uma espécie de juros de mora e empate de capital. Esses clientes tesos e pinguços não reclamam o novo preço e até bebem mais uns canecos à conta do orçamento, que é como quem diz, o livrinho dos acentos que vai inchando como um fígado tomado.
O gerente do banco da “Espanhola” (ou do 21), um atrevido e finório gestor, formado numa universidade famosa e de muitos pergaminhos, decide que o livrinho das dívidas da tasca da “Espanhola” (ou 21) constitui, afinal, um activo tão reembolsável quanto rentável. Vai daí, contacta a “Espanhola” (ou o 21) e pega-lhe o fogo ás ideias com obras na tasca e outras coisas do arco da pipa; adianta-lhe um dinheirinho aceitando o fiado dos tesos, desempregados, reformados sem vintém e quase todos eles, pinguços, entre outros, créditos bons como garantia.
Descobrindo um galo que põe ovos de ouro, outros gestores, igualmente muito dinâmicos e "executíveis”, e não menos ousados, agarram nesses créditos e transformam-nos em "produtos financeiros" com nomes indecifráveis para o comum dos mortais, CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS, PSD, CDS, PS. CDU, ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.
A partir daqui, outros bancos servem-se desses produtos financeiros desconhecidos mas aceites como bons e de cobrança garantida para, através deles, apoiar o mercado de capitais e sustentar mais e mais operações financeiras, fundos e derivados. Uma espécie de efeito dominó, mas visto ao contrário, em que todas as pedras se levantam para mais tarde darem um trambolhão como a seguir se verá.
Todos desconhecem a origem de todo este movimento financeiro, (o tal livrinho de acentos das dívidas à “Espanhola” (ou 21).
Às páginas tantas, esses derivados financeiros já estão à venda nos balcões de bancos e instituições de crédito de 73 países e até na agência da CGD, ali mesmo ao lado, na Praça do Comércio onde alguns pinguços algumas vezes, por engano, batem à porta depois das três, pensando que aquilo é uma nova tasca que dá fiados.
Tudo corre na perfeição até que... alguém descobre que os pinguços, desempregados e reformados estão tesos e, como tal, não têm dinheiro para pagar as contas e que, portanto, o livrinho de calotes não passe disso mesmo. É assim que a tasca da “Espanhola” (ou do 21) vai à falência (O diabo seja surdo). E com ele toda a cadeia de investimento se fod.u

P.S. - Quanto aos gestores extraordinários que apresentaram resultados fabulosos em poucos meses e ganharam prémios pelo excelente desempenho, saem de mansinho com indemnizações e reformas douradas, ou mais tarde encontram novos cargos como ministros ou secretários de estado das finanças ou do tesouro.
*

(Este exemplo circula na net. Por achá-lo muito elucidativo, readapteio sem alterar qualquer sentido e objectivo final. Parabéns ao autor.)

6 comentários:

Anónimo disse...

Com esta tua simplicidade destes artigos "banais"Já vi que ainda dizes que és pguiçoso?Com mais sócios que o benfica a Acre e a nossa sra dos meninos vai ser uma festa de arromba.Tens dinheiro no banco?

Anónimo disse...

penso que é descabido esta abordagem feita atraves de ironia , mais respeito pelos "pingussos", tasca do 21, espanhola, e pelos reformados, tijolo a tijolo até cair, é o teu lema , nao tropeçes tu num desses tijolos , ou telhas de vidro que tens , mais respeito e dignidade nao ficam mal .

Anónimo disse...

parece que isso até é bastante simples mas se isso foi assim que aconteceu, os bancos não tem dinheiro para pagar o que devem. Dessa forma andaram sempre a fazer deconta que havia dinheiro quando os gestores e banqueiros andavam a desviar dinheiro para os bolsos deles. Como é que podemos confiar nestes chulos e ladrões. Vou tirar todo o meu dinheiro do banco até ter acerteza que que não mo roubam.
Apesar de engraçado não achei graça nehuma a esta história. Penso que não ajudou nada para acalmar as coisas.

diconvergenciablog disse...

Muito bem, Lol.
Tenho um video no meu blog engraçado acerca do assunto. Cumprimentos.

maria josé quintela disse...

afinal até é simples explicar a crise! :))





obrigada pela visita.

Anónimo disse...

depois de ouvir este quatro a falar dos bancos deles, parce que não há problema nenhum com eles!
Afinal porque anda o governo a atravessar-se por eles. Só faltava lá o Miguel Cadilhe para explicar porque precisou dos 200 milhões.