O "DESPACHO" da GATA

Felis sylvestris catus (gato rafeiro, doméstico, também muito conhecido por maria rita), o primeiro felino manhoso a ser contratado para a função pública, ao assumir a sua condição de fêmea (?!!) e seus plenos direitos sexuais no trabalho, mais do que um 31, provocou um 69 bastante amargo nos eleitos da Câmara Municipal de Lamego. Frei Cisco Flops já tinha avisado que se a língua da felina não ficasse mais macia, teria que a substituir por alguém que passasse o corredor a pano sem riscar o pau nas bordas. Ainda por cima, a partir de certa altura, começou a duvidar-se da cor naturalmente preta daquela gata que se pavoneava pelas instalações autárquicas como se conhecesse os cantos à casa. “Não me venham cá com coisas, mas esta gata preta, para mim, é cor de rosa, deixada aqui para me lixar a vidinha um dia destes”, confidenciou Frei Cisco Flops, ao seu gato bravo a quem, se preciso fosse, confiaria o peixe e a carne, no caso deste virar vegetariano, acrescentando ainda nada ter contra os gatos pretos e muito menos contra as gatas da mesma cor, explicando que“Um gato Preto é como outro gato qualquer, só que dá mais azar, embora não tanto quanto um gato cor de rosa”, e alertou ainda os penduras de ocasião laranja para o facto de ”gato a gato encher a oposição o papo”.
Sabe-se que Zé Tonho dos Cantos, irredutível sádico castigador de invisuais, há uns anos sob o efeito da penosa fixação de bater no ceguinho, ofereceu um bichano de sacrfício a Desgostinho Dribleiro, para que este, já que que não tendo cão, caçasse com gato, apesar de saber que desde a derrota que o amargurou, havia sido levada a cabo uma desinfestação bem forte na CML, a pedido e executada pelos próprios Lamecenses. Mas, pelo sim, pelo não, ainda se continuam a usar as tradicionais ratoeiras por alguns e gatas por outros.
Quanto à gata preta, conheceu muitas faces da fortuna durante a sua longa associação com a engenheira Mania das Águas de Lurdes, ao ponto de abdicar do melhor peixe, da melhor carne, preferindo, humildemente, ter uma rata com que se entreter. Foi adorada como uma divindade e, finalmente perseguida como a encarnação das forças do mal. Há quem considere, como é o caso de Zé T. dos Cantos, que uma gata preta dá sorte, na casa dos outros; já Frei Cisco Flops pensa exactamente o mesmo mas ao contrário, e sabe-se que disfarçava muito bem o pânico quando a Gata Cor de Rosa, que era uma Gata Preta, se atravessava à frente dele, correndo da direita para a Esquerda. “Isto é um Aviso”, segredava ele para o botão(do telelé) de confiança e confidencial que trazia sempre com ele, para o que viesse e viesse (porque não estamos em tempo de dar),” Isto está cheio de gatos cor de rosa pintados de preto!” Como gato escaldado de água fria tem medo, a gata cor de rosa que era preta, não tinha qualquer medo, nem de água da companhia nem da água de Lurdes, já que nunca se tinha escaldado, apesar daquilo até doer ao entrar e o parto fosse como parir um bicho de sete cabeças. Havia quem dissesse que aquilo até dava má imagem à autarquia porque, vir para a Porta da CML à cata dum gatão que lhe desse umas quecas, era quase pior do que estar a fumar de pernoca flectida no portão e cotovelo esquerdo apoiado sobre a mão direita a ver a malta passar.

Uma funcionária da CML, que não teve medo de dar a cara preferindo manter o anonimato, jurou pelas alminhas dos rebentos que um dia há-de ter, que a gata era virgem desde a última vez que pariu e que a viu enroscada com o logotipo (mais um) do PSD a miar como uma maluca e nuns propósitos sexuais tão pornográficos que se recusou a descrever. Soube-se mais tarde que o objectivo era dar à luz uma nova geração de políticos mais ágeis, distintos e mais capazes de varrer o resto dos ratos mais resistentes.

Para grande azar da Gata Preta, que viria a ficar mais Rosa do que nunca, alguém a quem as coisas não corriam bem, foi a aconselhada por Zeulália EndRey Tamisto (a endireita) a fazer um DESPACHO onde uma gata preta seria elemento imprescidível. Foram encontrados uns gatafunhos rabiscados pelo mafarrico nas costas de uma factura da água por pagar que dizia o seguinte: “fazer uns despachos em quatro encruzilhadas com galinha afogada em água de Lurdes, tintol de carrascão caseiro, charuto de beata lambuzada, e uma reza de brava possessa com o apoio do de uma velha sem cuecas; tomar um banho com sal grosso misturado com essência de arruda e seis antigas ervas daninhas; mastigar tudo até formar uma papa com que vai forrar-se o útero e o bucho de gata preta curiosa (isto evita remorsos já que, é certo e sabido, foi a curiosidade que matou o gato), cose-se o bucho do animal com pontos largos de cera fina e finaliza-se com um sinal da cruz ao cruzar o escritório da Residouro e Museu de Lamego onde deve gritar-se com toda a vontade retida na alma, xô gata preta! Sai azar!!!!!..." Em jeito de lembrete final ainda dizia: "Não esquecer de enterrar a gata rosa que é preta, bem fundo no canteiro dos malmequeres ou amores perfeitos, exumá-la 48 horas depois e metê-la numa caixa com uma mensagem escrita com sangue menstruado, dirigida ao visado pelo DESPACHO ou ARRANJO. Se não funcionar, faça de conta que nada aconteceu e continue a alimentar a gata preta, que por essa altura já não tem grande apetite e já deve ter mudado de cor para não ser reconhecida".
A Bichana não sabia, mas seja gata preta, laranja, amarelo ou rosa, alguém tem que levar com a culpa.

"Credo em Cruz!"